Ando meio cansado dos noticiários aqui no
Brasil. Já repararam que não tem notícia boa? Só se fala em crimes: assaltos,
gente morta em tiroteios, tráfico de drogas e de influência, corrupção, desvio
de dinheiro público e por aí vai.
Aí surgem os especialistas clamando por mais
leis para disciplinar este ou aquele comportamento, para punir com mais
severidade crimes mais impactantes. Não se poupa vernáculo chamando à razão os
políticos para ampliação do conjunto de leis – que na ótica deles diminuiria a
criminalidade ou acabaria com a corrupção.
Particularmente eu não concordo com isso.
Não precisamos de mais leis, é necessário apenas que se apliquem as já
existentes. Uma enxurrada de normas só leva à confusão, num atropelo que pode
até favorecer o culpado porque se sobrar uma brecha, é alí que se envereda em
benefício do réu.
Não tem que criar mais leis, tem é que
acabar com o universo de recursos que só atravanca o processo. É culpado, tem
isso provado? Então, pague, seja quem for! Bandido não tem que ser tratado como
príncipe, não tem que dar entrevista na televisão.
O que eu acho que está faltando no Brasil
são leis para pessoas honestas. Isso mesmo: leis que beneficiem também as
pessoas honestas. É comum acompanhar
algum caso mais rumoroso e notar que de repente se fala menos e menos sobre
aquilo, até que acaba caindo no esquecimento; de repente você fica sabendo que
o suspeito foi beneficiado com alguma artimanha jurídica.
Quando se fala em corrupção é que a coisa
desanda mesmo: por mais que esteja provado que algum agente político desviou
dinheiro para o próprio bolso, os processos se arrastam por anos a fio, há recursos
intermináveis e prazos dilatados. Ninguém é punido, ninguém é preso e o
dinheiro não retorna aos cofres públicos.
Essas ocorrências causam enorme frustração
para a parcela de pessoas decentes deste País; afinal, são elas que dão
sustentáculo à Nação, operários do bem que trabalham, produzem riquezas, geram
empregos e pagam impostos.
E o que queremos?
Queremos que haja mais equilíbrio na
avaliação dessas questões, que o Judiciário não demore tanto para julgar os
processos que são levados a seu exame. Queremos um Estado soberano, honesto e
limpo, uma instituição em que a população possa confiar e não ter que se
submeter às nefastas estruturas do “jeitinho”. Queremos viver nossa vida por
inteiro, felizes e com a consciência tranquila, certos de que nossos sacrifícios
diários não estão sendo em vão. Queremos não ser feitos de bobos.
É pedir muito?