sexta-feira, 17 de junho de 2011

Os ovos da raposa

Cada dia mais eu me surpreendo com a Internet. Não com o que trafega pela Rede mas como ela pode influenciar as pessoas.

É tanta bobagem que de um tempo para cá nem abro mais determinadas mensagens só de olhar os títulos, como esses que avisam sobre novos vírus, novos golpes, novos tipos de sequestros, conspirações políticas e por aí vai.

Existem vários sites que se dedicam a desmistificar essas tranqueiras mas o pior mesmo são as pessoas que acreditam nisso.

Dia destes, a menina que trabalha comigo começou a falar sobre esses casos em que “roubam os rins” das pessoas, que órgãos humanos valem uma nota preta e que é claro existem médicos envolvidos nisso: “Para tirar um rim assim... precisa saber, né? “ Não adiantou dizer a ela que tudo isso não passa de uma lenda urbana, que ninguém é deixado numa banheira cheia de gelo e sem os dois rins, ela deu mais crédito a um e-mail apócrifo do que a mim.

Infelizmente, a Internet tem a velocidade de um raio para propagar essas brincadeiras sem graça. E piada sempre existiu no gênero humano. Quando eu era criança, os amigos maiores que eu se divertiam à custa da minha ingenuidade.

Lembro-me bem de uma dessas “pérolas”. Os garotos comentavam ter encontrado um ninho de raposa num terreno baldio das proximidades. Ninho de raposa? Sim, com vários ovos, inclusive!

Aquilo povoou minha cabeça algum tempo e, de quando em vez eu ficava olhando para o tal terreno, na esperança de ver a raposa e, quem sabe, já com os filhotinhos.

Contei aquilo em casa. Minha mãe, com exemplar paciência, me disse que raposas não botavam ovos e não faziam ninhos. Bastou somente esse pequeno esclarecimento e me dei por satisfeito: se minha mãe havia dito, é porque era verdade. Naquela tarde, ao encontrar os meninos, disse a eles, com toda a autoridade, que raposas não botavam ovos. Eles começaram a rir, caçoando de minha ingenuidade. Fiquei brabo mas no final acabei rindo junto.

É terrível como hoje em dia existe uma crise de confiança: as pessoas preferem acreditar numa estória idiota do que dar ouvidos a alguém de carne e osso, que tem experiência e merece credibilidade. O mundo hoje está assim: os embusteiros vendem uma idéia errada como se fosse a mais preciosa! São coisas absurdas mas que mexem com o imaginário. Livros, quase ninguém mais lê: a Internet fornece conhecimento instantâneo e grátis!

Grátis até pode ser mas... conhecimento, não! Ou, pelo menos, não conhecimento bom, saudável e útil. E isso faz com que as pessoas fiquem mais emburrecidas, embaladas por tanta futilidade internética e televisiva...

Agora, fiquei imaginando... já pensou se existir, em algum lugar deste planeta, uma raposa que bote ovos? E aquela coisa de mutação, como é que fica, não é? Não se pode duvidar de Darwin.

Acho melhor pesquisar no Google.

Nunca se sabe...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Magia

Há u'a magia que nos une.

Um fogo que aproxima

e um gelo que nos afasta...

Existe um querer imenso

e uma indiferença que enlouquece.

É um emaranhado de espinhos

onde procuro a rosa

ou ao menos seu perfume...

É a dualidade, o contraponto.

Busco entender, não consigo;

tento esquecer, não posso.

O tempo passa, nós passamos

e só fica uma ilusão pesada.

É o duelo entre a fada e a bruxa

que com seus feitiços

só me faz pensar uma coisa:

há u'a magia que nos une...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Que cor é esta?

Tá bom... confesso sem rodeios: sou daltônico! Isso, confundo cores, chamo verde de cinza, laranja de amarelo e roxo de azul, misturo tudo!

Descobri isso quando fui tirar minha primeira Carteira de Motorista. Durante o exame, o médico me esticou um bloquinho com umas folhas que continham bolinhas multicoloridas. Dizem que tem números escondidinhos lá no meio das tais bolinhas, é o famoso Teste de Ishihara. Pois não vi nenhum número, só o monte de bolinhas coloridas! O médico chamou um colega, conversaram lá um pouquinho e então me aprovou.

Não tem nada de mais em ser daltônico mas acabamos virando atração turística numa roda de amigos, quando eles ficam mostrando cartõezinhos coloridos ou esticando pedaços da própria roupa e perguntando “que cor você vê aqui?”. Ora bolas, como responder uma questão dessas?!? Como eu vou explicar que cor eu vejo se não é a mesma que o sujeito enxerga? O pior é que dificilmente alguém acredita que você não vê ou confunde cores – por isso esse inquérito todo.

Conheci poucos daltônicos na minha vida mas percebi pelo menos uma coisa em comum: a gente disfarça e não comenta sobre isso justamente para escapar da saraivada de perguntas. Ser daltônico incomoda muito mais às outras pessoas do que a nós próprios.

Roupas se constituem numa dificuldade: como combinar as peças entre si? Tive uma sugestão de uma namorada, que queria colocar plaquinhas com as cores em cada coisa e uma tabela dizendo as combinações mais razoáveis. Imaginei meu armário cheio de camisas, calças e paletós com crachás... achei aquilo ridículo e abortei a idéia - e a namorada, também.

Quem me conhece é testemunha: quase sempre me visto na cor azul e seus diversos matizes; achei um caminho para não errar tanto, já que consigo vê-la. Disseram-me que tem diferença entre azul, roxo e lilás mas eu posso garantir que não tem. Alias, eu fico admirado com as mulheres, que conseguem distinguir diferença entre creme, areia e bege. Algumas chegam a afirmar que existe bege claro e bege escuro.

São muitas as estórias bizarras que coleciono mas uma das mais engraçadas foi um dia que saí de casa com um sapato de cada cor, um azul e um preto. Os modelos eram parecidos e lá fui eu... para divertimento de minha ex-mulher, que também só percebeu horas depois. Estávamos meio brigados e adivinha se tudo não acabou num ataque de risos...

Sábado passado fui comprar umas camisas e quando olhei aquelas prateleiras repletas, fiquei perdido. Conversa vai, conversa vem, descobri que o vendedor também era daltônico. Nós nos entendemos perfeitamente. Saí de lá sem comprar nada; não iria arriscar um daltônico sugerindo cor. Daltônico sim, louco, não...

Agora você entendeu porque o fundo do meu Blog é preto?

Até a próxima...