Acho certa graça quando recebo e-mail
falando de coisas mirabolantes como determinadas substâncias que causam
doenças, outras tantas que curam de fratura exposta a mau olhado.
Há os que alertam sobre venenos injetados em
potes de iogurte, ladrões de órgãos que deixam as vítimas em banheiras de gelo,
simulacros de assaltos com tramas cinematográficas...
E os que nos apavoram com teorias da
conspiração? Tal País está sempre prestes a ser dominado por outro, a Amazônia
sob o mando de europeus e norte-americanos, guerrilheiros sempre à espreita,
cuidado com pacotes recebidos pelo correio e que podem conter explosivos
químicos.
Os que preconizam dominações totalitárias na
América Latina terminam sempre propondo alguma coisa, de assinatura de revista
a contribuição para alguma ONG.
Tudo balela.
Quando eu era criança, lembro das
brincadeiras que eram feitas nesse sentido, só para causar susto e alvoroço nos
amigos menores. Quem nunca foi dormir preocupado com a loira do banheiro ou
rezando para não se deparar com o homem do saco? Certa vez um bando de garotos
da minha rua espalhou que havia encontrado ovos de raposa num terreno próximo,
o que causou extrema curiosidade pois ninguém havia visto nada parecido!
Pois é, crianças acreditam em tudo, são
ingênuas – e à medida em que fomos crescendo, tivemos bom senso para separar o
joio do trigo e rir daquelas babaquices. Entretanto, eram brincadeiras até
certo ponto sadias, mexiam com nosso imaginário e despertavam a curiosidade
para saber o que era verdade, fosse pesquisando por contra própria ou
perguntando aos pais. Já na vida adulta alguns ambientes de trabalho ainda
propunham certas pegadinhas, como mandar o estagiário no almoxarifado da
empresa buscar tinta invisível para documentos secretos e serviam mais para
integrar o novato à equipe do que outra coisa.
O que me deixa perplexo atualmente é que
grande parte das pessoas perdeu a noção do que é razoável e do que é absurdo, preferem
acreditar na primeira coisa que encontram em suas caixas de e-mail ou é divulgado
pelas redes sociais. Elas não param para pensar, avaliar, raciocinar; não
pesquisam, não entram em sites sérios, não conferem se aqueles nomes pomposos
que assinam as denúncias são reais ou não ou se as fontes são confiáveis ou
tudo não passa de uma brincadeira.
Esse é um alerta que eu sempre faço: chequem as mensagens antes de repassá-las adiante! Nem tudo o que ouvimos aconteceu daquela forma, nem tudo que lemos é verdadeiro! Usem seus conhecimentos, seu bom senso, sua razão. Se não for assim, daqui a pouco mais pessoas estarão acreditando nos ovos da raposa...