sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Compras coletivas

Minha primeira experiência com um desses sites de compras coletivas se deu neste último sábado. Quando recebi a oferta por e-mail não tive dúvidas: trocariam o óleo do meu carro, com filtro e tudo, além de uma higienizada no sistema de ar condicionado por um quarto do preço original.

“Nada mal”... pensei! Fiz minha inscrição, preenchi todos os dados solicitados online e no dia seguinte já pude imprimir meu vaucher que me permitiria utilizar os serviços contratados.

Sábado bem de manhãzinha lá estava eu na loja – aliás, o primeiro a chegar, não eram nem oito da manhã. Aos poucos foram aparecendo mais clientes. Constatei o que já percebera em outros locais: pessoas com mais idade acordam mais cedo e chegam logo aos compromissos. Parece que a garotada tem uma certa dificuldade em pular cedo da cama ou acha que o Universo está à disposição deles.

Logo a agitação começou na oficina, mecânicos a postos, mais clientes chegando, carros sendo manobrados. Um funcionário me chamou e começou a preencher outro cadastro. Fico perplexo com isso: esse pessoal não tem sistemas integrados para compartilhar bancos de dados? Lá vou eu fornecer todos os meus dados, tuuudo de novo! Mas era sábado de uma manhã fria e ensolarada, eu era o primeiro a ser atendido e ainda mais, numa pechincha daquelas... não iria me estressar por nada do mundo!

Fui para a salinha de espera e lá fiquei lendo revistas velhas, até que o consultor técnico veio falar comigo e pediu para que o acompanhasse. Fui. Carro levantado naqueles macacos hidráulicos gigantescos, ele e o mecânico me mostraram uma série de peças da suspensão que precisariam ser trocadas. Não entendo muito de mecânica mas admito que as peças pareciam um tanto quanto idosas, caquéticas mesmo. Voltamos ao computador, acessa daqui, calcula dali, preço que vai, cifrão que sobe, ânimo que desce e veio a facada: dezessete vezes mais do que a troca do óleo, quantia compreensivelmente divisível em quatro vezes. Meio em estado de choque, concordei: tem coisas com as quais não se brinca e suspensão de carro é uma delas. Mas confesso que considerei a atuação dos funcionários da oficina muito conveniente, ficar forçando um serviço, colocando pânico na nossa ingênua cabeça: "...melhor trocar... pode provocar um acidente... um carro tão novo... vai comprometer peças mais caras...". Sabe-se lá se isso não é uma roupagem moderna para a conhecida rebimboca da parafuseta?

Lembrei daquela canção do Roberto Carlos quando fui embora: “...saí da oficina um pouquinho desolado...” Mas essa sensação se dissipou em poucos metros; o carro ficou ótimo, todo durinho e sem barulhinho nenhum. Até que ele estava precisando de um carinho, vai... Estou endividado até março mas tudo bem.

Quem é que iria economizar um dinheirão numa troca de óleo, mesmo? Vou tomar mais cuidado na próxima atração irresistível dessas compras coletivas...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Deveríamos...

Deveríamos nascer sabendo algumas coisas. Isso facilitaria muito nossa existência por aqui e não sofreríamos demais com certas situações pois já saberíamos o final de muita coisa.

Deveríamos nascer sabendo a tabuada, fazer regra de três composta, extrair raiz quadrada e conjugar verbos irregulares. De quebra, poderíamos já conhecer as obras de Shakespeare, Camões e Machado de Assis.

Deveríamos nascer sabendo todos os afluentes da margem esquerda do Rio Amazonas. Pensando bem, os da margem direita, também!

Deveríamos nascer sabendo de todas as datas consideradas importantes, como a Invasão Holandesa na Bahia, a Queda da Bastilha, a Independência de todos os países da América e nunca nos esquecer dos aniversários de nossos amigos.

Deveríamos nascer sabendo muitas coisas sobre o ser humano: que é frágil, ao contrário do que se mostra; que uma lágrima brota de nossos olhos menos de dois segundos depois de sentirmos saudade; que não existe vazio maior em nossos corações do que o provocado pela ausência de quem amamos; que as pessoas nunca pertencem integralmente a ninguém e é isso o que provoca tanta discórdia; que não existe coisa mais triste do que um aceno de despedida.

Se soubéssemos dessas coisas todas que envolvem o comportamento humano, talvez entendêssemos melhor nosso semelhante e a nós próprios.

Mas não sabemos. Temos que vivenciar isso tudo, dia a dia, momento após momento, decepção a cada gesto, tolerância a cada segundo, resignação a cada instante e aprendizado o tempo todo.

Eu me sinto como um aluno nesta vida, sempre aprendendo, sempre sendo testado – e parece que as provas não acabam nunca! As situações mudam, pessoas novas conheço e para mim é sempre uma novidade.

É no mínimo esquisito pensar que nascemos sem saber absolutamente nada, aprendemos e ensinamos nesta vida e aí... bom, aí partimos, simplesmente. Vamos embora não sabemos exatamente para onde, levando nossas experiências, nossos medos, nossas alegrias, nossas ansiedades.

São tantas coisas que não sabemos mas... deveríamos...