sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Dura Lei, Seca Lei...


Se você gosta de sair e se divertir com sua família, seus amigos, adora aquelas reuniões bem animadas num restaurante ou na sua pizzaria preferida, pode esquecer aquele choppinho gelado ou a brasileiríssima caipirinha: não vai poder dirigir seu carro na volta.
O bom e velho scotch só em casa e o vinho foi banido na mesa daquele jantar romântico – ou o motorista de táxi vai ser testemunha das confidências mais íntimas.
Cuidado também com o bombom recheado de rum na festinha de aniversário do seu sobrinho e nem pense em usar enxaguante bucal antes de sair do escritório: se você for flagrado por uma blitz da Lei Seca, corre o risco de ser preso.
É certo que o endurecimento no tipo de conduta do motorista brasileiro precisava ser feito – ainda que tardiamente. Foram muitos os acidentes provocados por condutores alcoolizados com a perda de milhares de vidas; não há como discordar que a legislação precisava ser mudada. Se as pessoas não têm bom-senso, responsabilidade e autocontole, não resta outra alternativa senão o rigor da lei. A partir de agora, dirigir no Brasil virou coisa séria: a tolerância ao álcool é zero. Qualquer índice superior a 0,05 mg de álcool no sangue vai fazer você perder seu direito de dirigir por um ano, além de multa e retenção do carro. A partir de 0,34 temos flagrante de crime por embriaguêz. Não vale a pena arriscar, não é mesmo?
Mas eu fico pensando numa coisa: a fiscalização da Lei Seca, a cargo da Polícia Militar, só ocorre no período noturno e nas primeiras horas da madrugada. Entretanto, se isso fosse feito até mesmo durante o dia, muita gente seria parada e enquadrada na nova legislação.
Você duvida?
Vamos imaginar a seguinte situação: você sai para uma festa e lá encontra seus amigos, conversa, come alguns canapés e bebe; toma lá umas três ou quatro doses de uísque e  depois ainda participa do brinde com o anfitrião tomando champagne. Voltar para sua casa não é problema: sua namorada, que não bebeu, volta dirigindo seu carro em absoluta segurança. No dia seguinte, cedo, você acorda, toma um banho, se veste e vai trabalhar com seu carro. Será que não sobrou vestígio de álcool no seu corpo? A resposta é positiva, sobrou sim! Se você for parado às oito horas da manhã e tiver que soprar o etilômetro – bafômetro para os íntimos – haverá alteração e, dependendo da quantidade de álcool, poderá ser até tipificado como crime, irá preso e responderá a Processo.
Exagero? Pode até ser mas acredite... é assim mesmo! Se você se dispuser a fazer uma pesquisa na Internet, vai constatar que um copo de cerveja, que tem só 4% de teor alcoólico, demora uma hora para sair completamente de seu organismo. Destilados como uísque, vodka ou cachaça possuem teor alcoólico muito superior, acima de 40% e, portanto, demora muito mais para deixar seu corpo “limpo”. A Polícia Rodoviária Federal preconiza um intervalo de doze horas, após a ingestão de álcool, para que você volte a dirigir.
Somos um País de gente que, na sua maioria, bebe. Temos isso arraigado, é uma coisa cultural. O álcool sempre foi socialmente aceito e símbolo de alegria, comemoração, entrosamento. Ligado a acontecimentos felizes, o excesso de álcool é quase sempre o responsável por grandes tragédias no trânsito, com acidentes pavorosos que ceifam a vida de inocentes.
Só que não basta nem a existência da Lei, temos que limitar nossas comemorações em função de nossos semelhantes. Ah, mas a legislação não é muito dura? Talvez seja sim e  é bom que ela nos sirva de alerta. Vamos tirar deste momento uma lição para respeitar a integridade e a vida do próximo e a nossa, também.
Um brinde à vida!