Se você gosta de sair e se divertir com sua
família, seus amigos, adora aquelas reuniões bem animadas num restaurante ou na
sua pizzaria preferida, pode esquecer aquele choppinho gelado ou a brasileiríssima
caipirinha: não vai poder dirigir seu carro na volta.
O bom e velho scotch só em casa e o vinho foi banido na mesa
daquele jantar romântico – ou o motorista de táxi vai ser testemunha das
confidências mais íntimas.
Cuidado também com o bombom recheado de rum
na festinha de aniversário do seu sobrinho e nem pense em usar enxaguante bucal
antes de sair do escritório: se você for flagrado por uma blitz da Lei Seca,
corre o risco de ser preso.
É certo que o endurecimento no tipo de
conduta do motorista brasileiro precisava ser feito – ainda que tardiamente.
Foram muitos os acidentes provocados por condutores alcoolizados com a perda de
milhares de vidas; não há como discordar que a legislação precisava ser mudada.
Se as pessoas não têm bom-senso, responsabilidade e autocontole, não resta
outra alternativa senão o rigor da lei. A partir de agora, dirigir no Brasil virou coisa séria: a tolerância ao álcool é zero. Qualquer índice superior a 0,05 mg de álcool no sangue vai fazer você perder seu direito de dirigir por um ano, além de multa e retenção do carro. A partir de 0,34 temos flagrante de crime por embriaguêz. Não vale a pena arriscar, não é mesmo?
Mas eu fico pensando numa coisa: a fiscalização
da Lei Seca, a cargo da Polícia Militar, só ocorre no período noturno e nas
primeiras horas da madrugada. Entretanto, se isso fosse feito até mesmo durante
o dia, muita gente seria parada e enquadrada na nova legislação.
Você duvida?
Vamos imaginar a seguinte situação: você sai
para uma festa e lá encontra seus amigos, conversa, come alguns canapés e bebe;
toma lá umas três ou quatro doses de uísque e
depois ainda participa do brinde com o anfitrião tomando champagne.
Voltar para sua casa não é problema: sua namorada, que não bebeu, volta dirigindo
seu carro em absoluta segurança. No dia seguinte, cedo, você acorda, toma um
banho, se veste e vai trabalhar com seu carro. Será que não sobrou vestígio de
álcool no seu corpo? A resposta é positiva, sobrou sim! Se você for parado às
oito horas da manhã e tiver que soprar o etilômetro – bafômetro para os íntimos
– haverá alteração e, dependendo da quantidade de álcool, poderá ser até
tipificado como crime, irá preso e responderá a Processo.
Exagero? Pode até ser mas acredite... é
assim mesmo! Se você se dispuser a fazer uma pesquisa na Internet, vai
constatar que um copo de cerveja, que tem só 4% de teor alcoólico, demora uma
hora para sair completamente de seu organismo. Destilados como uísque, vodka ou
cachaça possuem teor alcoólico muito superior, acima de 40% e, portanto,
demora muito mais para deixar seu corpo “limpo”. A Polícia Rodoviária Federal preconiza um intervalo de doze horas, após a ingestão de álcool, para que você volte a dirigir.
Somos um País de gente que, na sua maioria,
bebe. Temos isso arraigado, é uma coisa cultural. O álcool sempre foi
socialmente aceito e símbolo de alegria, comemoração, entrosamento. Ligado a
acontecimentos felizes, o excesso de álcool é quase sempre o responsável por
grandes tragédias no trânsito, com acidentes pavorosos que ceifam a vida de
inocentes.
Só que não basta nem a existência da Lei,
temos que limitar nossas comemorações em função de nossos semelhantes. Ah, mas
a legislação não é muito dura? Talvez seja sim e é bom que ela nos sirva de alerta. Vamos tirar deste momento uma
lição para respeitar a integridade e a vida do próximo e a nossa, também.
Um brinde à vida!