Já li muita coisa sobre o termo saudade. Dizem que só existe na Língua Portuguesa – em nenhuma outra. Não tem tradução.
Será?
Não entendo tanto de idiomas assim para afirmar – aliás, além de um Português meio assim-assim, arrisco poucas palavras em outras paragens... quanto mais a sobrancelha do ouvinte sobe, mais certeza tenho de que estou falando bobagem...rs... deixa pra lá – o que importa não é nem a bandeira do nosso cartão de crédito mas o limite que ele contém...
Mas voltemos à comparação que eu quero fazer!
Alguém se lembra do gosto do algodão-doce? Não precisa ser lembrança do teor de açúcar ou do tanto que a guloseima grudava na mão ou incomodava ao ir de encontro ao nosso cabelo.
Duvido que alguém se esqueça do instante em que aquela máquina meio sem graça ia tecendo fios mágicos de açúcar, as luzes coloridas do lugar, a algazarra das crianças, das palavras suaves dos nossos pais e do momento indescritível em que nos era permitido pegar uma nuvem de múltiplos prazeres: olfativo, visual, sensorial, até que chegava à nossa boca.
Esse momento – ou a junção desses instantes – em que nos lembramos e revivemos a lembrança de tudo isso, das pessoas que nos proporcionaram essa magia – se chama saudade.
Claro que não é o único momento em que sentimos isso, foi apenas uma maneira de assim colocar. Você pode sentir saudade no nascer ou no por do Sol, na chuva que cai no meio da tarde, na música que você gosta tocando ao longe, na visão da criança que ensaia os primeiros passos e que já não mais existe, no beijo que você jamais esqueceu, na lembrança daquela pessoa que você tanto pensou que amava...
As coisas são assim, evanescentes como aquele algodão-doce... que mesmo existindo por um breve momento, deixou lembranças (saudades) impossíveis de serem esquecidas...
A saudade tem gosto de algodão-doce...