sexta-feira, 3 de junho de 2011

Que cor é esta?

Tá bom... confesso sem rodeios: sou daltônico! Isso, confundo cores, chamo verde de cinza, laranja de amarelo e roxo de azul, misturo tudo!

Descobri isso quando fui tirar minha primeira Carteira de Motorista. Durante o exame, o médico me esticou um bloquinho com umas folhas que continham bolinhas multicoloridas. Dizem que tem números escondidinhos lá no meio das tais bolinhas, é o famoso Teste de Ishihara. Pois não vi nenhum número, só o monte de bolinhas coloridas! O médico chamou um colega, conversaram lá um pouquinho e então me aprovou.

Não tem nada de mais em ser daltônico mas acabamos virando atração turística numa roda de amigos, quando eles ficam mostrando cartõezinhos coloridos ou esticando pedaços da própria roupa e perguntando “que cor você vê aqui?”. Ora bolas, como responder uma questão dessas?!? Como eu vou explicar que cor eu vejo se não é a mesma que o sujeito enxerga? O pior é que dificilmente alguém acredita que você não vê ou confunde cores – por isso esse inquérito todo.

Conheci poucos daltônicos na minha vida mas percebi pelo menos uma coisa em comum: a gente disfarça e não comenta sobre isso justamente para escapar da saraivada de perguntas. Ser daltônico incomoda muito mais às outras pessoas do que a nós próprios.

Roupas se constituem numa dificuldade: como combinar as peças entre si? Tive uma sugestão de uma namorada, que queria colocar plaquinhas com as cores em cada coisa e uma tabela dizendo as combinações mais razoáveis. Imaginei meu armário cheio de camisas, calças e paletós com crachás... achei aquilo ridículo e abortei a idéia - e a namorada, também.

Quem me conhece é testemunha: quase sempre me visto na cor azul e seus diversos matizes; achei um caminho para não errar tanto, já que consigo vê-la. Disseram-me que tem diferença entre azul, roxo e lilás mas eu posso garantir que não tem. Alias, eu fico admirado com as mulheres, que conseguem distinguir diferença entre creme, areia e bege. Algumas chegam a afirmar que existe bege claro e bege escuro.

São muitas as estórias bizarras que coleciono mas uma das mais engraçadas foi um dia que saí de casa com um sapato de cada cor, um azul e um preto. Os modelos eram parecidos e lá fui eu... para divertimento de minha ex-mulher, que também só percebeu horas depois. Estávamos meio brigados e adivinha se tudo não acabou num ataque de risos...

Sábado passado fui comprar umas camisas e quando olhei aquelas prateleiras repletas, fiquei perdido. Conversa vai, conversa vem, descobri que o vendedor também era daltônico. Nós nos entendemos perfeitamente. Saí de lá sem comprar nada; não iria arriscar um daltônico sugerindo cor. Daltônico sim, louco, não...

Agora você entendeu porque o fundo do meu Blog é preto?

Até a próxima...

4 comentários:

ELZA KAZUE disse...

Oi Rei,
Muito interessante, vc é a primeira pessoa que conheço daltônico. O importante é enxergar, isso basta. Eu, por ex., sou míope tenho astigmatismo e vista cansada pra ler e enxergo muito mal na sombra ou em lugares escuros, é horrível.Em dias ensolarados enxergo tudo nítido. Mas somos privilegiados ainda, não é.
Beijo, e escreva mais, adoro ler seus "causos". Elzinha

masettos disse...

tenho um filho que só soube desse problema..quando fez um teste na escola..convive uito bem com isso, rssss

Marta Maria Leopoldo Carlos Silva Cappellano disse...

Dificuldades e a necessidade de buscar os mecanismos para lidar com elas nos fazem melhores a cada dia...Em tempo: a diferença entre areia, creme e bege está no teor alcoólico do que for servido no jantar....bjs...Adorei a crônica!!!

Anônimo disse...

Olá Rei,
Se quiser eu posso apresentar-lhe uma família de daltônicos... a minha rsrsr
Meu pai e alguns tios eram daltônicos, tenho alguns primos e sobrinhos daltônicos e meu filho também o é.
O único problema do meu filho é que ele sempre odiou as aulas de artes, pois sempre tinha pintura, e ele trocava todas as cores... até eu descobrir o daltonismo nele e falar com a professora. rsrsr

Estou adorando seus "contos".
Luci