sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Que saco, hein?!?

Durou pouco o clima de cordialidade entre os grupos que apoiaram o acordo havido entre o Governo do Estado de São Paulo e os empresários do setor de supermercados com relação à supressão das sacolinhas de plástico.

No início das negociações, ano passado, tudo era festa. Os ambientalistas comemoravam o sumiço das terrríveis sacolinhas plásticas e acenavam com um planeta mais limpo, livre de um lixo muito inconveniente.

Neste ano de pré-adaptação, as conversas giravam em torno da substituição das sacolinhas por outros meios para transporte das compras do supermercado. Caixas de papelão, sacolas de lona, cada um inventaria um jeito.

Afinal, e quando não existiam as tais sacolinhas??? Eu me lembro, quando criança, íamos ao supermercado e levávamos sacolas de feira; elas eram deixadas numa espécie de guarda-volumes e obtínhamos uma senha (uma cartolina pintada ou algo semelhante a um cartão de crédito com um número inscrito). Fazíamos nossas compras tranquilamente e depois um garoto do supermercado ia correndo resgatar nossa(s) sacola(s). Era assim, tudo simples assim.

Aí alguém inventou uma sacolinha de plástico para embalar as compras. Extremamente práticas, elas caíram no gosto do consumidor rapidamente, além de terem outra função: ninguém mais comprava sacos de lixo. Passaram-se os anos e elas tiveram que se sentar no banco dos réus: tóxicas, demoravam cerca de 400 anos para se decompor e ajudavam a entupir bueiros e favorecer enchentes.

Mas agora enfrentamos um outro dilema: as sacolas não são mais distribuídas gratuitamente – aliás aqui cabe um parêntese porque o custo delas sempre esteve embutido nas mercadorias. Os supermercados começaram a vender umas tais sacolinhas biodegradáveis (demoram só 100 anos para se decompor) e também sacolas retornáveis – também de um material plástico. As prometidas caixas de papelão sumiram e, então, você é obrigado a levar suas compras sem embalagem alguma e socá-las no porta-malas do seu carro de qualquer jeito – se você tiver um carro.

Fomos feitos de bobos.

Quer dizer que a sacolinha de plástico era a grande vilã, que destruiria o Planeta Terra se não fosse expulsa do nosso convívio? Você já parou para observar a quantidade de plástico que é usada nas embalagens diversas? Tudo hoje vem num recipiente plástico! Desde a ração do seu cachorro até a embalagem do seu computador ou da sua televisão de tela plana, passando pelos produtos de cozinha e refrigerantes, tudo é embalado no plástico. E a culpada pela degradação do meio ambiente é a sacolinha?!?

O empresário do supermercado eliminou um gasto na sua planilha: não manda mais produzir sacolinha com o nome do estabelecimento e nem por isso vai descontar um percentual no preço praticado nas mercadorias que comercializa.

A indústria de plástico continuará a produzir as incontáveis embalagens que sempre produziu, numa escala que não tem como decrescer, já que a população só aumenta.

O consumidor? Ah, ele se ajeita, ele se acostuma. Se quiser, tem sacolinha pra vender. E lá vai ele, equilibrando as compras todas, levando as coisas no bolso, na bolsa... ele se vira!

Afinal, quando Cabral chegou aqui para tapear os nossos nativos, eles não deram sacolinhas plásticas para guardar os espelhinhos, não é?

Como diria a Kate Lyra, brasileiro é tão bonzinho...

4 comentários:

Ira disse...

Sem falar que a produção das sacolas ditas "biodegradáveis" é bem mais agressiva ao meio ambiente...Trocaram seis por meia dúzia!

Leme disse...

A abominada sacolinha e o saco do lixo do pobre do pobre, por um acaso acabaram com os sacos de lixo??? Aonde o lixo vai ser acondicionado daqui para a frente na casa dos mais necessitados, será qeu vão colocar na caixa de papelão, ou vai ficar exposta na rua???

Fred o Escrivão disse...

Estava pensando. O assunto do momento, é que desde o dia 25/01, Aniversário de São Paulo, nada de sacolinhas plasticas nos supermercados em São Paulo.

O motivo alegado é proteção ao meio ambiente.
Pois bem, eu não acredito nisso. Embora os supermercados neguem, essa estratégia é para permitir que os ganhos deles sejam maiores ainda.
È claro que o valor de uma sacolinha é ínfimo perto dos lucros obtidos nos supermercados. Mas cabe lembrar que em razão da grande quantidade se sacolas adquiridas,
o valor gasto na aquisição delas é significativo. é necessário ressaltar que a qualidade das sacolinhas já vinha se deteriorando, justamente pelo princípio no qual se a qualidade é ruim,
o valor individual a ser pago por elas pode ser menor ainda. Se os supermercados pensassem no meio ambiente,
eles entregariam para cada cliente pelo menos 5 sacolas, ditas, ecologicamente corretas, com a logo marca da Rede de Supermercados.
Mas isso nem foi cogitado. Do mesmo lado, o discurso do Governo visa colaborar com os empresários do referido setor.
Se o Estado estivesse mesmo pensando na população e no meio ambiente, as campanhas seriam maiores e a coleta do lixo reciclável seria amplamente difundido,
mas na prática o pouco que vimos, resultava em coleta seletiva em alguns raros pontos, na prática o lixo acabava indo para o mesmo lugar nos lixões.
Tudo falácia.
Que devemos cuidar do nosso planeta, garantindo que nossos filhos possam usufruir do planeta com um mínimo de qualidade de vida isso é certo.


Pergunto, VOCÊ, realmente acredita que Governo e Empresários estão preocupados com VOCÊ e sua família?


responda e divulgue, para podermos coletar os dados necessários, e agirmos.


Em tempo: As empresas de sacolinhas plasticas descartáveis, tem disponíveis, sacolas "ecológicas" que quando descartadas são biodegradáveis, mas na verdade
nem lhes permitiram apresentar seus produtos. Qual seria a razão em não conhecer seus novos produtos?

masettos disse...

eu gostaria de ter a mesma certeza que os "ditos" ambientalistas tem aos 400 anos de demora pra decomposição....
não acredito nos empresários...e muito menos nos ambientalistas....mas acredito que todos defendem ou tem uma causa de interesse por trás..que certamente não é a favor da maioria da população.
e.t. - o custo de cada sacola é de R$ 0,02..segundo um empresário do setor ambientalista, digo, dos supermercados..disse em uma entrevista.