sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A Morte

Diz o adágio popular que a morte é a única certeza da vida. Se você considerar em termos filosóficos é a mais pura verdade mas com absoluta certeza todos nós haveremos de considerá-la no mínimo, injusta.

Racionalmente, conseguimos compreender que tudo tem um ínicio e um fim – menos para os seres vivos. Seu automóvel, seus eletrodomésticos, a torneira elétrica da sua cozinha, seu barbeador bivolt, o secador de cabelos... tudo um dia vai encrencar e pedir um novo. Mas... a vida?!?

Esse sentimento de impotência é assustador; a vida não tem retorno, não existe reposição e não há como compensar a perda de alguém que amamos, com quem convivemos longo tempo de nossa existência.

Alguém querido que se vai deixa um vazio inexplicável em nossa alma, acordamos no meio da madrugada sobressaltados como se aquilo não fosse verdade e enfrentamos o dia-a-dia completamente desanimados. A nossa própria vida parece perder o sentido, há uma fissura no nosso coração.

Eu digo que a morte é injusta pois como admitir que uma vida de sonhos, de trabalho e de amor termine às vezes de maneira violenta ou com sofrimento por alguma enfermidade? Difícil, muito difícil...

Por isso mesmo as pessoas começam a desacreditar de tudo e não há como tirar-lhes a razão: sobra mesmo esse sentimento de quase revolta e por mais que resistamos, rola aquela lágima de dor, de mágoa, de saudade.

É fácil – ou parece ser – para quem não está no centro desse sofrimento, dizer para sufocar essa revolta muda, eu bem sei disso! Já perdi muitas pessoas queridas, família ou amigos, e sei o que digo.

Não há, de fato, receita pronta, uma fórmula que nos devolva o sorriso ao nosso rosto. O coração ainda vai bater descompassado, a saudade sufocará o nosso peito, nossa memória reviverá cenas como num filme e os olhos marejarão sem que consigamos conter tudo isso. Aos poucos lembraremos das cenas de maneira mais suave e com menos emoção e isso irá se acentuando até que consigamos esboçar um sorriso ao nos lembrarmos de quem já se foi e do que representou em nossa vida. Ainda sentiremos saudade mas será diferente, não aquele sentimento de perda mas o de serenidade. Devemos aprender que de fato tudo tem um início, um meio e um fim. Não podemos ser egoístas e querermos apenas a alegria do início e a segurança do meio.

Vivamos com a consciência de nosso papel e do que representamos para quem está conosco; sejamos os melhores porque a única certeza da vida...

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