sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

ENCHENTES 2011

Enfrentamos uma época de enchentes, neste início de ano. Aqui em São Paulo, locais que não tinham esse problema hoje padecem com a violência das águas. Pessoas perdem tudo, seus móveis, mantimentos, ficam só com a roupa do corpo. Todo o esforço de uma vida se vai em questão de minutos. Muitos perdem a própria vida.

Antigamente não acumulava água nesses lugares. Agora, ruas viram verdadeiros rios de água suja, barrenta, levando desespero e doença à população.

No meio desse caos os atingidos culpam governantes, que por sua vez culpam fatores climáticos. A discussão se prolonga entre as atribuições de responsabilidade mas ninguém chega a conclusão alguma. Na verdade, ninguém quer assumir nada. É claro que se chove demais os cursos d´água tendem a transbordar para as ruas limítrofes e aí começa uma outra problemática de vias pavimentadas, bueiros entupidos, etc.

Várias são as causas desse volume todo de água nas ruas. Algumas estão bem visíveis, como o lixo nas ruas, o imenso volume de plástico entupindo bueiros. Em qualquer reportagem é fácil vermos a quantidade de garrafas pet boiando em rios e represas. A garrafa pet é a grande vilã dessa estória, concorrendo com os sacos plásticos no pódio das desgraças ambientais.

Todos acreditam que a população deva ter mais educação para não atirar isso na rua – opinião acertada, claro. Mas se pensarmos bem, onde fica a responsabilidade do fabricante dessas embalagens, nisso?

Há cerca de trinta anos, íamos ao supermercado levando os vasilhames de vidro para comprar refrigerantes. Havia um guarda-volumes onde deixávamos nossa sacola. Recebíamos um contra-vale dos cascos (era esse o nome das embalagens vazias). Aos poucos foi surgindo a novidade das garrafas plásticas, coloridas, leves e mais práticas. Eram modelos de um litro e meio, depois vieram os de dois e até três litros; apareceram as garrafinhas menores, as embalagens "one-way" (quem se lembra?). De repente não só os refrigerantes mas tudo passou a ter embalagens plásticas e a praga do século XX se alastrava de forma irreversível. As sacolas sumiram de nossas mãos, cedendo aos apelos dos saquinhos plásticos com o logotipo do supermercado – maneira barata e bem agressiva de se fazer propaganda. Consumidores inocentes como agentes de merchandising, quer melhor? E tudo grátis...

Hoje tudo isso está entupindo nossos bueiros, poluindo o meio ambiente e servindo de facilitador das enchentes. Quatrocentos anos para que uma garrafa pet se decomponha, em igual sintonia com a sacolinha do mercado e outras tralhas plásticas. Esse material teve utilidade um dia e, principalmente, fez publicidade de alguma coisa, um bem consumível um ou centro de compras.

E o fabricante disso, fica isento de responsabilidade na degradação do meio ambiente? Desde a linha de produção até a destinação final, as embalagens plásticas deram lucro a alguém – e isso é inegável. Muita gente ganhou dinheiro e quem perdeu foi o meio ambiente e a sociedade como um todo.

Deveriam existir mecanismos legais que obrigassem esses fabricantes a recolher esse lixo e reciclá-lo convenientemente. Uma outra destinação poderia ser dada a essa montanha plástica, investimento que a Natureza iria agradecer e retribuir com generosidade.

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