sexta-feira, 18 de março de 2011

Pedalando

São Paulo foi palco, neste segundo sábado de março de mais uma edição da Pedalada Pelada. O evento é realizado em várias cidades do mundo e deriva do movimento internacional World Naked Bike Ride. A idéia é chamar a atenção da sociedade global para os riscos que a poluição gerada pelos veículos automotores vem causando ao meio ambiente e valorizar o ciclista.

Para isso, para alertar sobre o problema, o lema é pedalar sem roupa ou alguma coisa perto disso: tão nu quanto você ousar (as bare as you dare).

Dessa forma, as pessoas pedalam com roupas íntimas, trajes de banho ou peladas mesmo, com o corpo pintado. Essa prática tem gerado constantes confrontos com as forças policiais de vários países. Isso talvez explique a pouca publicidade da mídia que não se esforça em jogar luz sobre esse tipo de manifestação.

Neste ano, um grupo de aproximadamente duzentos ciclistas desfilou pela avenida Paulista para tentar mostrar e convencer a todos que a bicicleta é um veículo de transporte absolutamente viável no dia-a-dia.

Será?

Eu gosto de bicicleta, acho fantástico sentir o vento no rosto e participar ativamente da paisagem urbana – como lazer e só. A bicicleta pode oferecer um ótimo condicionamento físico, esculpir pernas quase perfeitas e até eliminar gordurinhas indesejáveis pelo corpo mas imaginá-la como transporte regular é uma utopia.

Quem, em sã consciência, vai substituir um veículo automotor por uma bicicleta para ir diariamente ao trabalho ou às compras, por mais saudável que isso seja? Vamos supor algumas situações. Você tem um parente próximo que está internado num hospital, lá pela região da avenida Paulista; ele vai ser operado de um problema de coração e o médico mora e tem consultório no Itaim-Bibi. Imagine o médico subindo de bicicleta o ladeirão da Brigadeiro Luiz Antonio, todo esbaforido, para enfim chegar à sala de cirurgia e enfrentar horas de bisturi. Outra: você está no Fórum da Vila Madalena aguardando ansiosamente a chegada de seu advogado, que vem de bicicleta, terno e gravata mais a pastinha recheada de processos, pedalando freneticamente pelas ladeiras do bairro para não perder a hora da audiência; depois, irá ficar numa sala com todo mundo suando e fedendo como um porco. E você tem idéia de como será ir ao supermercado e trazer as compras equilibradas sei lá que jeito?

Sejamos honestos. Não dá, nem com extrema boa vontade.

Eu até respeito a manifestação anual da Pedalada Pelada mas duvido que algum deles utilize a bike como meio regular de transporte. Transformações sociais não são feitas assim, na base da imposição forçada de idéias, afrontando costumes, desrespeitando a sociedade. Qualquer processo nesse sentido deve passar pela conscientização e educação das pessoas, de um núcleo social. Isso leva tempo. Pedalar pelado é farra e, cá pra nós, duas centenas de pessoas não tem nenhuma representatividade numa cidade como São Paulo.

Agora, que ninguém nos ouça mas... a sorte deles foi não estar em Porto Alegre, né?!?

2 comentários:

Ira disse...

Pois é...na prática a teoria é outra :-) ...bike é bom apenas como esporte e lazer. São Paulo não oferece condições para uso como meio de transporte. Muitos acreditam nessa campanha e alguns acabam virando vítimas fatais.

Ira disse...

Enviei o meu comentário, mas não foi....Resumindo: bike em São Paulo só como esporte e lazer, jamais como meio de transporte!!! Quem vai de bike enfrentar o trânsito maluco desta cidade deveria ter noção do perigo fatal a que se expõe, apesar dessa campanha irresponsável de "uso de bicicletas para melhorar o ar."