É forçoso reconhecer que escândalos envolvendo políticos em atos de corrupção não se constituem num privilégio brasileiro: isso ocorre no mundo todo. Tem uma pequena diferença, entretanto: em outros países não existe impunidade e as comissões de investigação são sérias, analisam e decidem num tempo razoável e os culpados são punidos.
Aqui, não. Descoberto um ato de corrupção a Imprensa faz um alarde danado e os noticiários não se ocupam de outra coisa por semanas a fio, até que ocorra um escândalo maior e mais rumoroso, ou um crime que choque demais a opinião pública ou ainda uma fofoca envolvendo um jogador de futebol ou artista consagrado.
Durante todos os blocos daquela edição do Programa do Jô pode-se ver, claramente, que as Jornalistas, acostumadas com o tema, têm a exata visão disso e elas têm certeza, também, que nada é levado muito a sério, no meio político brasileiro.
A verdade é que um escândalo encobre outro e as Comissões de Inquérito perdoam todos.
Agora voltará à baila um assunto que já virou até motivo de piada: o mensalão. Trocando em miúdos (para quem não se lembra mais ou nasceu no mês passado), tratava-se de um volume de dinheiro que era distribuído entre parlamentares para aprovação de determinadas medidas do Governo – como se isso fosse alguma novidade. Ingenuidade tem limites. Nesse esquema, estão envolvidas trinta e oito pessoas, entre políticos, empresários, banqueiros e publicitários.
O julgamento, agora, não se dará a nível político mas é técnico e será no STF (Supremo Tribunal Federal), com início em 1º de agosto deste ano. Só o voto do Relator tem mil páginas – isso mesmo, mil páginas – e, pelo que foi noticiado, o revisor dessa matéria quer propor algumas alterações em pontos desse Parecer – mil páginas. Esse calhamaço tem que ser lido integralmente.
Ocorre que existe aí um emaranhado que promete mais emoções: pelo menos dois Ministros do Supremo estão para se aposentar durante esse período de julgamento e podem desfalcar o quorum para condenação dos réus. Fora isso, alguns Ministros estão com viagem marcada e um deles pode ficar impedido de votar porque sua namorada já foi advogada de réus nesse Processo.
Como podemos perceber, toda a expectativa da Sociedade pela punição exemplar dos culpados pode terminar, uma vez mais... em pizza!
É inacreditável que um assunto desse porte, grave, que trouxe prejuízos inegáveis à Nação, seja tratado dessa foma, com leviandade. É acintoso que a população, que é quem paga a conta disso tudo, seja obrigada a assistir um espetáculo desses – mais um, engolindo em seco mais um naco de impunidade.
Por falar nisso, vai uma de calabreza, aí, amigo?!?
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