sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O escândalo do "mensalão"

A prisão dos “mensaleiros”, ocorrida no último final de semana, tem provocado um alvoroço danado no meio político brasileiro.

Para quem está chegando agora ao assunto, o Processo do Mensalão foi o maior escândalo levado a público e envolveu dezenas de políticos com mandato popular ou ocupando postos de destaque no Governo Federal – além de empresários e funcionários públicos de alto escalão. Ao todo, nada menos do que vinte e cinco pessoas.

Da denúncia feita por um Deputado Federal - também envolvido no crime de desvio de verba pública - até a prisão, foram oito longos anos de desgastante lide judicial, de recursos, de julgamentos, de mais recursos e debates públicos acerca do tema. Cidadãos comuns puderam assistir às sessões de julgamento na mais alta Corte de Justiça, transmitidas ao vivo pela televisão e se acostumaram a termos jurídicos rebuscados, entendendo-lhes o significado e formando sua própria opinião.

O que mais impressiona é o fato dos políticos presos representarem o papel de injustiçados, se autodenominando presos políticos.  Pisando duro a caminho da cadeia, afrontaram a dignidade dos brasileiros honestos, proferindo palavras de ordem ou fazendo gestos que lembram a velha ideologia facista, numa cópia tupiniquim do Sieg Heil nazista, a famosa saudação ao Führer.  

Não imagino um só brasileiro de bem que possa hipotecar algum tipo de apoio a esses meliantes engravatados, que mesmo condenados e mantidos sob cárcere, insistem em conservar a soberba de outrora. Aliás, essa é característica inequívoca da maior parte dos políticos brasileiros: uma vez eleitos, se distanciam do povo – do qual só se reaproximam na hora do voto.

Enoja constatar que mesmo julgados e condenados - atrás das grades! - lutam para ter de volta as mordomias, ainda que à sombra do Poder.

Mantido sob os holofotes da Imprensa, inclusive internacional, o que se espera é que tudo isso não seja um teatro eleitoreiro com vistas à eleição presidencial de 2014: em tese, a manutenção de aliados do Governo na prisão ensejaria princípios de honestidade, na velha teoria de cortar na própria carne, extirpando os males pela raíz. O receio é que após as eleições aconteçam malabarismos jurídicos para relaxar as prisões, devolvendo esses criminosos às atividades de sempre.

Por enquanto, a prisão dos envolvidos no escândalo do Mensalão provoca na Sociedade um sentimento bom de que a Justiça está sendo feita e servirá de parâmetro para outros crimes envolvendo o patrimônio público que, em última análise, é de todos nós.

Não sou descrente mas sou reticente. Afinal, acostumado por toda uma história de desmandos, acordos espúrios e corrupção, é difícil acreditar no fechamento da já famosa “Pizzaria Brasil”.  Nem de longe quero vislumbrar que algum desses meliantes possa sair da jaula e se tornar um mártir, aclamado num palanque e ocupando algum cargo público outra vez.


Se isso acontecer, juro que me mudo para Marte.

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