A
prisão dos “mensaleiros”, ocorrida no último final de semana, tem provocado um
alvoroço danado no meio político brasileiro.
Para
quem está chegando agora ao assunto, o Processo do Mensalão foi o maior
escândalo levado a público e envolveu dezenas de políticos com mandato popular
ou ocupando postos de destaque no Governo Federal – além de empresários e
funcionários públicos de alto escalão. Ao todo, nada menos do que vinte e cinco pessoas.
Da
denúncia feita por um Deputado Federal - também envolvido no crime de desvio de
verba pública - até a prisão, foram oito longos anos de desgastante lide
judicial, de recursos, de julgamentos, de mais recursos e debates públicos
acerca do tema. Cidadãos comuns puderam assistir às sessões de julgamento na
mais alta Corte de Justiça, transmitidas ao vivo pela televisão e se
acostumaram a termos jurídicos rebuscados, entendendo-lhes o significado e
formando sua própria opinião.
O
que mais impressiona é o fato dos políticos presos representarem o papel de
injustiçados, se autodenominando presos políticos. Pisando duro a caminho da cadeia, afrontaram
a dignidade dos brasileiros honestos, proferindo palavras de ordem ou fazendo
gestos que lembram a velha ideologia facista, numa cópia tupiniquim do Sieg Heil nazista, a famosa saudação ao Führer.
Não imagino um só brasileiro de bem que possa hipotecar algum tipo de apoio a esses
meliantes engravatados, que mesmo condenados e mantidos sob cárcere, insistem
em conservar a soberba de outrora. Aliás, essa é característica inequívoca da
maior parte dos políticos brasileiros: uma vez eleitos, se distanciam do povo –
do qual só se reaproximam na hora do voto.
Enoja
constatar que mesmo julgados e condenados - atrás das grades! - lutam para ter
de volta as mordomias, ainda que à sombra do Poder.
Mantido sob os holofotes da Imprensa, inclusive internacional, o que se espera é que
tudo isso não seja um teatro eleitoreiro com vistas à eleição presidencial de
2014: em tese, a manutenção de aliados do Governo na prisão ensejaria
princípios de honestidade, na velha teoria de cortar na própria carne,
extirpando os males pela raíz. O receio é que após as eleições aconteçam malabarismos jurídicos para relaxar as prisões, devolvendo esses criminosos às atividades de sempre.
Por
enquanto, a prisão dos envolvidos no escândalo do Mensalão provoca na Sociedade
um sentimento bom de que a Justiça está sendo feita e servirá de parâmetro para
outros crimes envolvendo o patrimônio público que, em última análise, é de
todos nós.
Não
sou descrente mas sou reticente. Afinal, acostumado por toda uma história de
desmandos, acordos espúrios e corrupção, é difícil acreditar no fechamento da
já famosa “Pizzaria Brasil”. Nem de
longe quero vislumbrar que algum desses meliantes possa sair da jaula e se
tornar um mártir, aclamado num palanque e ocupando algum cargo público outra
vez.
Se
isso acontecer, juro que me mudo para Marte.
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