sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Infernet

Cansei.

Cada vez que abro minha caixa de e-mail, tem lá uma boa quantidade de mensagens alardeando contra ou a favor de determinado político, outras pedindo apenas um clique para salvar a vida de alguém que se encontra gravemente enfermo em algum hospital do Leste Europeu ou lamentações sensacionalistas de pais aflitos que tiveram o filho desaparecido e pedem que divulguem a foto da criança.

Há aqueles oferecendo uma montanha de medicamentos controladíssimos, que vão do Valium ao Viagra, passando por pílulas de emagrecimento – com entrega garantida em casa e em embalagem discreta. Garotas de programa se oferecendo. Coca-Cola mata. Hambúrguer do Mac é feito de minhoca. Deixaram uma fortuna de herança para você em algum país da África do Sul ou então você ganhou milhões de dólares num cassino onde jamais jogou.

A Internet virou bandalheira. O correio eletrônico, que garantiria a troca de mensagens importantes num espaço reduzido de tempo, transformou-se num desafio à nossa paciência. Ao invés de escreverem elas próprias, as pessoas ficam repassando aqueles arquivos intermináveis, pesados... com imagens que abrem, letras que pulam, musiquinhas que tocam... tudo num gosto muito discutível.

Quando recebo um e-mail, olho para duas variáveis: quem mandou e o tamanho daquela encrenca. Aqueles enormes, pode acreditar: lá vem um texto simples e bobo, que alguém resolveu montar num arquivo PPS cheio de janelinha que abre e fecha, letra que surge de um ponto de fuga imaginário, anjinho que voa e tome musiquinha com som metálico! Lições inservíveis de autoajuda ou, como costumo dizer, filosofia de parachoque de caminhão. Isso sem contar as mentiras, invenções, fofocas e toda sorte de bobagens que se espalham como fogo na palha. E assim a coisa vai... cada um muda uma letra, apaga uma vírgula e o assunto passa de A a Z em questão de minutos. Ah, claro... e somos obrigados a receber aquela série de Enc...Enc...Enc... que vem com uma relação de endereços de e-mail de pessoas que já receberam ou receberão junto com você: mais parece uma lista telefônica! Ninguém se lembra de apagar nada disso? Cadê as regras de etiqueta, ficaram relegadas a segundo plano, é?

Por isso, eu desisto! Chega dessa bobagem de Internet, que acaba viciando a gente. Vou até aposentar meu computador, voltar à velha e boa máquina de escrever para datilografar (termo antigo, hein?!?) os meus textos: aquele matraquear das teclas era um bálsamo para os ouvidos, alinhava os pensamentos... É. E também fazia você escrever tudo de novo quando errava alguma coisa. Não podia salvar um texto para revisá-lo mais tarde. Tinha que parar para consultar uma enciclopédia cada vez que precisava de uma informação. Se fosse com cópia em carbono, apagar uma a uma quando errava uma letra. Borrava tudo, um lixo. Ficar contando as palavras para não escapar da margem.

Bom, pensando bem, as coisas não precisam ser assim tão drásticas. Temos que aceitar a modernidade. Um pouco só, mas temos... Vou dar mais uma chance ao computador e à Internet. Quem sabe? Perdoarei até aqueles e-mail chatos de musiquinha.

É... mas bem que aquela estória de herança podia ser verdade...

Um comentário:

Marta Maria Leopoldo Carlos Silva Cappellano disse...

Aprendi com "O Fantasma da Estação " que seus desfechos caminham sempre para as esquinas do seu pensamento.....onde tb deve estar o perdão benevolente com a internet.....o que ainda não foi escrito em PPS? Qual será a próxima ameaça?....Que ajuda poderia vir de um descuidado clique?.....mas aquele email importante se mistura nessa avalanche, denunciando o nosso indefectível anonimato..... Continuo te acompanhando, lendo meus pensamentos.....Abç