sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Lei de Gérson

Muita gente fala em Lei de Gérson mas, principalmente entre os mais jovens, ninguém sabe ao certo a origem dela. Pois bem, saberão agora.

Gérson foi um dos jogadores de maior destaque do time brasileiro na Copa de 1970, no México. Era detentor da camisa 8, chamado pelos comentaristas esportivos de Canhotinha de Ouro e muita saudade deixou em quem teve o privilégio de vê-lo jogar.

Apesar de ser um atleta, Gérson tinha um vício incompatível com suas atividades físicas: era fumante. Eu sempre me perguntei como um jogador de futebol podia ser um dependente de cigarros mas... ele era!

Logo depois de vencermos o Mundial e nos sagrarmos tricampeões do mundo, veio a fase de glamour de alguns jogadores e Gérson foi chamado para fazer propaganda de um cigarro chamado Vila Rica – que nem existe mais.

E lá se foi Gérson, dos gramados para se tornar garoto propaganda!

No comercial, após fazer a apologia daquele cigarro, ele elogiava a qualidade do fumo e o preço acessível, resumindo tudo numa frase: “Eu gosto de levar vantagem em tudo, certo?

Estava lançada a maldição... sem querer e sem qualquer espécie de cerimônia, ele acabara de servir como instrumento de edição, aprovação e promulgação da Lei de Gérson. Em questão de pouquíssimo tempo, uma frase de efeito num comercial de cigarros se transformava no slogan dos espertalhões. Levar vantagem em tudo passou a significar engodo, trapaça, malandragem, falcatrua.

É bem provável que Gérson de Oliveira Nunes – hoje aos setenta anos - tenha se arrependido amargamente por ter sido protagonista de um absurdo desses, logo ele, que foi um ícone no selecionado tricampeão, atleta respeitado e íntegro!

Não tenho Procuração para defendê-lo mas divulgar a história é mais do que uma obrigação, é fazer justiça com um dos maiores jogadores de futebol que já tivemos.

Revogar a tal Lei de Gérson assim, de imediato, vai ser um pouco difícil mas quem sabe ela não cai no esquecimento?

O brasileiro, de uma maneira geral, precisa voltar a acreditar nos valores legados pela família, pela honestidade de princípios e boa índole e não dar vazão às facilidades e ao jeitinho. É esse costume que nos desacredita, é o nefasto passaporte que alguns ainda teimam em ostentar.

Não podemos ver como tolerável aquele tapinha nas costas querendo a cumplicidade de alguém para fazer algo que não se deve, bancar o espertinho. Tem algo errado em ser apenas honesto?

É como eu sempre digo: viver é fácil, o ser humano é que complica tudo.

Um comentário:

Fred o Escrivão disse...

Mais uma vez, verifico que temos coisas em comum.
A lei de Gérson! Costumo dizer que embora vivamos em um país, onde existem leis que “não pegam”, eis aí uma famigerada lei que pegou.
Como disse Reinaldo, uma lei nascida nos anos 70, que ainda não foi revogada.
Ao que parece, veio a calhar com o jeitinho brasileiro, já que sempre há uma solução característica. Existe até mesmo a adoção “á brasileira”. Será que esta será nossa sina. Espertos sim, espertalhões jamais! Esse sim deveria ser o lema dos brasileiros. Ou seja, negociar sim, enganar os outros nunca. Já que vale lembrar nesta data que somos todos irmãos.
Não Reinaldo, não há nada de errado em sermos honestos, mesmo que em uma primeira olhada seja esse o sentimento que nos passe.
Continue a observar, analisar e criticar, alertando nossos espíritos para o que é certo e o que é errado. Parabens!
o amigo, Fred!