sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Quinze minutos de fama

Atire a primeira pedra quem nunca quis ter seus quinze minutos de fama. Qual o quê... todo mundo quer ser visto, reconhecido em alguma coisa. Tem que pintar a oportunidade, mais nada. O lugar certo, as pessoas certas na hora certa – depois é relaxar e aproveitar.

Isso já aconteceu comigo, eu era adolescente e fazia o Curso Ginasial alí no bairro da Lapa.

Lembro-me daquela manhã... Aula de Educação Física, atividade: jogo de vôlei. Sempre preferi vôlei ao basquete por causa da minha altura, digamos... hããã... pouco favorável!

Um colega que não participou da aula ficou desfilando de lá para cá com u´a maquininha S-8, filmadora moderna que existia à época. O jogo começou e ele se pôs a filmar.

Até que eu era bom de saque; olhei para a quadra, olhei para a filmadora e pensei: "É aqui que me consagro. Saio da Lapa e busco o mundo. Do ginásio para a Seleção. Troco a Doze de Outubro pela Quinta Avenida". Assim, me tornei um gigante na quadra: não passava uma bola por mim, pulava como um elástico diante da rede para cortar as bolas mais difíceis, ganhei vários pontos só no saque, deslizava de barriga, me esfolando todo naquele chão duro... mas tudo valeria a pena, meu sangue não seria em vão!

As outras turmas assistindo... as meninas olhando... Apito final, o professor declara a nossa equipe vencedora. Pulei de alegria, numa coreografia mais ou menos ensaiada... tentando demonstrar a maior naturalidade do mundo. E não tirava o canto do olho da filmadora – queria ter certeza de que tudo estava salvo para a posteridade. Ainda todo suado, perguntei ao colega, displicentemente: "Gravou?". E ele, taxativo: "Lógico, não perdi um lance." Pronto, minha glória estava a caminho. Era só uma questão de tempo.

Depois, na sala de aula, a terrível revelação: não havia filme na máquina! Tudo um engodo! Vi com meus próprios olhos: ele me mostrou a filmadora v-a-z-i-a! Meus sonhos caíram por terra. Adeus Seleção... glória... dinheiro... Fiquei arrasado.

Ainda sinto um certo desconforto quando tento ver um jogo de vôlei pela TV; parece que alguma coisa me incomoda: pego o controle remoto, clico o botão para desligar e dou uma "cortada" nele, que vai parar no sofá do outro canto. Humpft!

Será que ainda tenho chance no jogo de malha?

2 comentários:

Unknown disse...

...ou quem sabe, bocha! Sim, bocha! Ou até revivendo os bons tempos do ginásio, que tal um joguinho de "taco"? Um campinho de terra, uma bola de borracha, dois pequenos tripés feitos com raminhos de árvore e dois pedaços de madeira que servirão como bastão.

Fred o Escrivão disse...

Reinaldo é pessoa que precisa pensar e agir, para não se entediar. Como falou Luiz Eduardo, "os bons tempos de ginasio, ..., joguinho de "taco"", bons tempos mesmo. A inocência era respirada por todos. Como Costumo dizer, nosso único medo no final do dia era encontrar uma mula-sem-cabeça ou um saci-pererê, bons tempos. Façamos com que Reinaldo e outros como ele, contribuam para o bem geral. Parabéns a todos.