sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Quem é velho?

Uma notícia me surpreendeu bastante nesta semana: a Justiça italiana retirou o pátrio poder de um casal sobre sua filha por considerá-los velhos demais.

O casal em questão é formado por um aposentado de 70 anos e sua mulher, uma bibliotecária de 57. Depois de vinte e um anos casados e sem filhos, resolveram ter um bebê com óvulos doados e dessa manobra consagrada na literatura médica nasceu uma garotinha que hoje tem um ano e sete meses.

De acordo com a Corte de Turim, eles são velhos demais para criar a própria filha, foram egoístas e narcisistas por querer procriar nessa idade e que a mãe não estabeleceu vínculos afetivos com a criança. A menina foi encaminhada à adoção. Os pais verdadeiros podem vê-la a cada quinze dias.

Toda a celeuma teve início porque um vizinho denunciou o casal. Segundo essa pessoa, eles teriam deixado a criança no carro enquanto descarregavam as compras do supermercado, tarefa que levou entre trinta e quarenta minutos.

Honestamente, eu não sei o que é ser velho nas diversas atividades da vida. Claro que há um limite para cada estágio de desenvolvimento do ser humano, desde que nascemos. Nosso corpo muda, vai sofrendo restrições ao longo de nossa caminhada terrena mas daí a colocar proibições sobre o que fazer ou deixar de fazer, já é um pouco demais.

Não é raro vermos casais com diferenças monstruosas de idade. Nesta mesma semana tivemos a notícia de que o nosso ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, de 80 anos, está namorando uma moça de 34. Ahn... aí pode! Na semana anterior foi o casamento da Duquesa de Alba (uma das maiores fortunas da Espanha), de 85 anos, com um homem vinte e cinco anos mais jovem – aí também ninguém falou nada. São pessoas famosas em seus núcleos sociais, material e culturalmente bem posicionadas e, portanto, livre dos embaraços que algum vizinho queira causar.

O preocupante, nesse caso dos “pais velhos” é a interferência demasiada do Estado na vida dos cidadãos. Existe uma tendência global do “politicamente correto”: não se pode mais falar de nada, criticar ninguém. Somos impedidos de fazer uma piadinha porque tudo é levado às últimas conseqüências. Agora, pelo andar da carruagem, nem filhos poderemos ter – haverá sempre alguém observando e um dedo acusatório nos apontará na rua.

Quando eu nasci, já no finalzinho dos anos 50, meu pai tinha 49 anos e minha mãe, 42. Os pais dos meus amiguinhos de escola eram muito mais jovens mas eu jamais considerei isso como um empecilho na minha vida. Nossos vizinhos também não. Não vou negar que existiram conflitos de pensamento mas não de educação. Fui criado de uma forma bem espartana, ciente de meus limites, minhas responsabilidades e obrigações na casa paterna. Tinha que estudar muito, tirar ótimas notas, ser sempre o melhor da classe e por aí vai. Não era fácil mas não me arrependo, não. Hoje eu me considero uma pessoa inserida no mundo, normal. O fato de ter que rachar de estudar jamais me incomodou e agradeço aos meus pais que me incentivaram a isso. Não fosse por eles e eu, muito provavelmente, não estaria aqui escrevendo para vocês; tenho o maior orgulho dos meus pais! Agradeço tudo o que fizeram por mim. E não faltou carinho e atenção.

Velho é quem se preocupa mais com a vida alheia do que com a sua própria; velho é quem fica procurando pequenas falhas e não vê escandalosos acertos. Velhos são esses jovens que querem que acreditemos que devemos tolerar suas manias (sim, jovens têm manias). Velho é quem fica procurando pelo em ovo, que nunca acredita no que os outros falam, que duvida de tudo.

Velho é quem se acredita assim!

Um comentário:

masettos disse...

a duquesa de alba..só conseguiu aurorização dos filhos para casar..depois de dividir parte da sua fortuna com eles, rsss