sexta-feira, 4 de maio de 2012

O tempo

Logo quando eu me mudei para o apartamento onde estou, notei que havia um grupinho de adolescentes, com idade média de uns quinze anos, que às vezes costumava ficar de madrugada batendo papo na calçada.
Eram filhos de vizinhos que se reuniam alí para jogar conversa fora, contar piadas, falar do dia-a-dia. Coisa de adolescentes. Às vezes ficavam até uma, duas da madrugada rindo, brincando entre eles, fumando escondido. Não vou negar que até atrapalhavam o sono, já que moro no quinto andar, não é tão longe da rua...
Outro dia eu estava na varanda, apreciando a noite, a Lua... e só aí me dei conta que há muito tempo eu não escuto mais aquela algazarra. Fiz os cálculos mentalmente e me espantei ao perceber que aquela garotada de seus quinze anos hoje está com... trinta!
Faz quinze anos que moro aqui e nem notei esse tempo passar! Quanta coisa aconteceu nesse período, nossa...
Você já parou para pensar nisso? O tempo nos atropela! Às vezes, planejamos tanto para fazer algo e repetinamente já é tarde, a idéia inicial caduca, não é mais hora daquilo.
Até nós mudamos sem perceber. De repente, assumimos uma outra postura, modificamos nossa linha de raciocínio, nos tornamos mais tolerantes, aceitamos melhor opiniões que nos eram tão contrárias.
Tudo isso quem faz é o tempo.
Desde criança eu gostava de ter contacto com objetos antigos; moedas principalmente. Meu pai tinha bom punhado de moedas bem antigas, enegrecidas pelos anos.
Ficava fascinado, olhando para aqueles pequenos objetos metálicos, alguns datados do século XIX, imaginando por quais mãos haviam passado, o que teriam comprado, o quanto teriam sido alvo de cobiça e no entanto, não passavam de peças sem qualquer valor, riscados, arranhados pelo uso, debilitados por décadas de inflação.
O tempo... o tempo... o que através do Universo representa um breve instante, para nós pode significar toda uma vida. Todos nós passaremos; o tempo continuará soberano, sossegando conflitos, sentenciando destinos, tendo o dom implacável entre a realidade e o sonho. Vivemos escravos dele, presos num relógio, num calendário, algemados em nossas esperanças, reféns de nossas ilusões, algo que só se dissipará com o tempo... o tempo... o tempo...







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